quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : Berenice continuação.


acho que esse desenhou superou o primeiro
BERENICE

Berenice acordou com o pé direito, e disse bom-dia pra todos na sua casa, essa é uma bela ocasião pra mostrar a familia com quem ela convive, e ama. Levantou, como ja disse, de pé direito, e meio acordada meia dormindo foi indo pro banheiro, foi no corredor que se deu com o primeiro bom-dia, um bom-dia fedendo à sono, o cheiro do sono saia por todas as partes do seu irmão, mais velho, seus cabelos também eram castanhos e ele era consideravelmente parecido com ela, mais alto em dez centímetros mais ou menos, tambem meio acordado meio dormindo, não teve a sorte da irmã, acordara de pé esquerdo, e isso lhe dera dois olhos bem castanhos contornados com duas grandes camadas de pele escurecida, as olheiras do irmão o faziam parecer um zumbi, ele dormira de cueca, mas agora ja havia posto um uniforme amarrotado, de cor beje, o mesmo que Berenice usava na escola, seu irmão era três séries mais avançado, porém quatro anos mais velho, o repeteco no primeiro ano o deixara mais chato que de costume, e Berenice ainda conseguia ouvir o dia que sua casa explodiu em gritos quando chegou a notícia.

Berenice, num camisetão-velho-pijama deixou o irmão seguir seu rumo, e entrou no banheiro, se vira pela primeira vez naquele dia, ela estava não muito diferente do irmão, não tinha olheiras, mas aquela sujeira acumulado de sono residia nos seus olhos, e foram tiradas logo que vistas, pareciam mais manteiga que outra coisa, e se existe uma coisa que Berenice não come é manteiga, manteiga tem gosto de gordura, e é feito com leite, não, manteiga é o fim-da-picada pra Berenice. Sentada no vaso, Berenice ia pentiando os cabelos enquanto fazia xixi, era gostoso fazer xixi pela manhã, pentiando os cabelos, isso se tornara quase que um ritual para a menina, só que menos badalado. Pois levantou-se, e fez toda a higienação necessária do momento, jogou um pouco de agua do rosto, um pouco de pasta na escova, um pouco de escova nos dentes, secou a mão rapidamente, e deixou o restinho de umidez das mãos para abaixar os fios que estavam persistindo em ficar de pé no seu cabelo.

Ao sair do banheiro, três vezes mais apresentável do que quando entrou nele, foi andando pra sala, onde era tomado um rapido café, ninguem se sentava, só Berenice, e então viu sua mãe na cozinha, bem melhor preparada que ela propria, a mamãe parecia uma bolacha waffle, era magra, branca, tinha cabelos presos num alto rabo-de-cavalo, e estava vestida de tom pastel, a mamãe de Berenice trabalhava com os números, e nunca se esquecia deles, sabia muito bem que no café-da-manhã, eram duas xícaras, pra ela e pro marido, duas tigelas, pros filhos, o café era um-quarto de agua, quatro de café, duas de açúcar, e a água não demorava mais que dois minutos pra ferver, e na tigela, era cereal para o Donatello, e granola para a Bê. Naquele dia, tudo estava bem, e todos os números estavam onde deviam estar.

Bê, como sempre, sentava na mesa, o irmão comia seu cereal sentado no sofá cor-pastel de sua casa, assistindo a mínima porção que ele podia assistir da MTV logo de manhã, um dos maiores passatempos de Donatello, era a MTV, e ele sonhava em ser um Vj, as vezes Berenice ouvia seu irmão apresentando os clipes do momento durante o banho, ou deitado na cama antes de dormir, ela gostava do irmão de uma maneira estranha, mesmo que sem assuntos em comum, ela sabia que o irmão a protegeria de tudo. Donatello achava Berenice doida de tudo.

Então, Berenice na mesa, Donatello no sofá, Flor na cozinha, tudo estava tão vazio, faltava o ultimo elemento, e esse veio engravatado, e seus cabelos levemente grizalhos reluziam com a luz-da-manhã.
- Seu café amor - veio a mamãe, meio na vida meio nos números com duas xícaras de café preto na mão - Estamos um pouco atrasados, se apresse com esse copo, e pegue o outro você mesmo - pausa pra beber café - você tem oito minutos contados.
- Bom dia meu amor - um beijo na testa, um sorriso de lado.

O papai sempre parecia pensativo, Berenice nunca o vira falar demais na vida, mas sabia que seu pensamento era uma grande locomotiva de idéias, e que o papai era muito criativo, seu trabalho era fazer propagandas para a TV, e ele era bom nisso, havia feito algumas propagandas que passavam no horário nobre, e uma porção de propagandas que passavam de madrugada, nessas ultimas, Berenice e ele ficavam acordados até bem noite, para ver passar pela primeira vez, e se um dormisse era obrigação do outro acordar, com punição de pena-de-morte para quem não o fizesse, Berenice ficava meio tensa, mas sabia que mesmo que não o acordasse, o papai seria bondoso, a mataria rápido e sem dor.

O papai era responsável pelos nomes dos filhos, mamãe queria dar ao filho, Felipe, e à filha, Camila, e papai dissera que nomes convencionais atraía uma vida convencional, o papai era muito inteligente, mas ele mesmo chamava João.

Todos eles, no horário certo, entraram no carro, mamãe dirigia, era um carro apenas na familia, primeiro deixava o papai, na empresa, que ficava consideravelmente perto da casa, depois deixava Berenice e Donatello no colégio, onde milhares de pessoas de todos os tamanhos e larguras usavam roupas iguais, e andavam de modo diferente.
- Berenice, não se esqueça de perguntar aquilo que eu disse pra você perguntar - disse a mamãe quando abaixou o vidro do passageiro para ver a filha.
- Do que está falando, mamãe? - esse foi Donatello curioso.
- Assunto meu e da Bê, Dona Curiosidade. - a mamãe o chamava assim, Donatello realmente estrapolava as vezes, só as vezes.
- Tudo bem mamãe - disse Berenice mais pra lá do que pra cá, enquanto adentrava no colégio.

[Sim, eu continuei Berenice (\o/) e a inspiração veio do nada, olhando pr'o meu uniforme, que é preto, não beje. acho que ficou bom, estou orgulhoso. Hopje é meu aniversário de 17 anos]

[ ja disse, e repito, quem copiar e ganhar muito dinheiro com isso, é bobo e sem criatividade]

[só por curiosidade, eu ACHO que o Donatello, hoje apresentado, tem 17-quase-18, e que a Berenice tem 13-quase-14, tenho que ver a lógica no texto e me lembrar se falei alguma coisa sobre a idade dela na primeira parte, acho que é isso]

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : Dear Pig and Pepper



Na semana do meu aniversário era quase que certo que eu postaria um grande post sobre mim, e sobre como é legal ser eu, e essas coisas que as pessoas orgulhosas fazem na semana do aniversário, mas esse ano não, vou apenas falar sobre coisas avulsas da minha vida nos ultimos dias, esse post não pede pra ser lido continuadamente, se voce parar agora e começar pelo terceiro parágrafo, faça, e se quiser voltar, volte, nenhum paragrafo é interligado ou praticam o mutualismo. São individualistas, como quem os escreve.

Eu percebi faz um tempo que quanto mais perto do normal uma pessoa chega, mais ela vai me irritando, me enjoando, não que não existam pessoas interessantes e normais, mas é que eu prefiro as que me surpreendem.

Minha mãe me disse ontem, na chuva, que não se conhece uma pessoa pela internet, e eu discordei, mas agora estou na dúvida, acho que existem pessoas que se passam por outras na internet, lógico que sim, mas não acredito que eu ja tenha conhecido algumas desse tipo, todas ainda me parecem tão reais.

Segunda feira foi o aniversário da minha avó materna, Dona Marinez, mais uma Aquariana, estávamos olhando as fotos da familia no domingo a tarde, eu, minha vó, minha mãe e minha tia, enquanto rolava um cafézinho, e cada foto era seguida de um comentário, uma história. Dai aconteceu que eu achei uma foto, que tinha uma coisa escrita à lapis no verso, datada de 1960, e o escrito era dirigido pra minha vó, por uma mulher que ela conhecia na época de faculdade (magistério, na verdade), o legal (e impressionante) era que minha avó nunca tinha visto aquela cartinha (NUNCA), e ela viu ali, exatos 48 anos depois que foi escrito, a carta dizia assim:
" Marinez, quando colocar os dentinhos lembre-se da sua amiga que te escreveu com carinho. Junho/1960 " (sim, tinha nome assinado, mas eu não me lembro)
A explicação dos dentes: a foto em questão era da minha vó e o pai dela numa festa Junina, na qual minha vó pintou os dentes de preto. Eu fiquei muito feliz por ter achado isso, um dia antes da vó fazer 66.

A 'cuba' da pia do banheiro quebrou em cima do meu pé, na segunda tambem, e hoje veio um cara aqui concertá-la, não me machuquei.

Sábado eu fui num show com muita alegria, muita voz e muito barro.

Estou fazendo uma vaquinha na minha familia pra comprar um MP4 (risos) na qual cada pessoa me dá 17 pounds, referentes aos meus 17 anos.

Os 17 (anos) vão chegar, e minha expectativa é boa. não, nada de festas, só a tipica reunião familiar, vinho, pizza, doce, e essas coisas. Até porque metade das pessoas que eu conheço está viajando.

Pronto, fim do post. O proximo será mais inteligente.
ps; eu menti, é preciso ler o penultimo parágrafo pra entender a piadinha do ultimo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : Super Pop!




Vou começar esse post com uma frase deprimente:


Eu estava assistindo Superpop...(risos)...ontem a noite, e o assunto se tratava de uma Transexual, chamada Roberta (antigamente Rogério) que ficou com uma criança abandonada por 2 meses, e nasceu dentro dela um instinto maternal, isso numa cidade do interior de São Paulo. Dois meses após dela pegar a criança, chegaram no salão de cabelereiros onde ela trabalha, dois policiais, um promotor e uma mulher da assistencia social, e tiraram o bebê do colo da transexual, alegando que ela não poderia adotar a criança pois ela não ofereceria um vida "NORMAL" ao bebê. Isso, ao contrario de outras entrevistas do Superpop, realmente tocou no meu coração.


O promotor que se dizia não-preconceituoso, afirmava que a criança sofreria, e também dizia que não entendia porque o Senhor Rogério se vestia de mulher (sim, ele falava exatamente assim [risos denovo] ), disse tambem que a criança crescendo num lar homossexual se veria diferente e sofreria litros.


Então, no meio dessa discução, uma psicologa (aquela que fazia Aprendendo sobre Sexo, no sbt) afirmava que pesquisas Cientificas COMPROVARAM que a criança que cresce num lar homossexual não sofre nenhum tipo de alteração psicológica, mas o promotor Cabeça-dura continuava latindo que a criança sofreria.


Então a "Senhor Rogério", digo, a Roberta, levantou a questão do amor de mãe e essas coisas, e toda a platéia ficava com cara de "aaaaaaaaah" ou "óóóóun". Nessa parte que eu mudei de canal. Mas aquele assunto ainda estava na minha cabeça, então eu voltei pra 'Rede Tv!', após muita discussão sobre amor-materno, e promotores homofóbicos e antiquados, o promotor disse uma bosta, que eu fiquei surpreso, ele disse, mais ou menos assim:

Luciana Gimenez: E SE, hipotéticamente, a transexual que fosse pedir adoção fosse operada, e seu sexo fosse mudado na lei, no papel.
O promotor: Ah! desse jeito eu não poderia me opor, pois ela seria mulher por lei.


Você vê, né, caro leitor, um pormotor cabeça-dura estava fazendo o que ele achava melhor, sem se basear em pesquisas ou nada, e é por isso que o Brasil cai moralmente, ele preferia deixar a criança (que não era um recém nascido, isso quer dizer, que dificilmente será adotada) no lar de adoção à liberar que essa criança cresca num lar onde uma bondosa transexual quer exercer o papel de mãe, e o promotor ainda afirmava que não entendia "o porque" do senhor Rogerio se vestir de mulher, sendo que a opnião dele contasse para o futuro, tanto da criança, tanto da transexual.


O Superpop, as vezes, me surpreende.



terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : Aventura de Férias

Eu reservei dois dias das minhas esperadas férias escolares pra fazer uma colagem na minha porta, minha ideia inicial era fazer uma colagem de história em quadrinhos, e quando essa ideia foi aprovada pela minha excelentíssima Mãe, eu comecei a 'dar meu pulos' (como ela diria).

PRIMEIRO DIA

Fui no sebo (ou cebo?), bom, livros usados, não sujeira de cabelo, e pedi por uma história em quadrinhos da Mafalda, porque eu acho ela original e doida, mas não tinha, como não podia perder tempo, a primeira coisa que me veio na cabeça, foi o Snoopy, então pedi, e tinha, perfeito, folhas grandes, quadradas e grossas.

- Quanto custa?
- Oito.
- Ok, en...
- Mas você é primeiro cliente?
" Ele está doido? eu vivo comprando aqui!!! "
- Não, "tio", já levei O Perfume, O Cortiço...
- Ah! sim, grande livro, esse O perfume, grande livro
- É verdade, o final é arrepiante
- É realmente grotesco. - pausa mortal - Bom, então eu faço por Cinco.
- Ok.
pega o dinheiro do bolso, uma nota de cinco, uma de dois.
- Toma sete! (sorriso)
- Melhor ainda (sorriso)

Volto pro carro, chego em casa...

O que eu preciso? o que eu preciso? Cola de Madeira !!!
Quem vai ter? Quem vai ter? O pai da Marina !!!

Sobe 2 andares no elevador social, 'tin-don'...'tec tec tec'...'iiiiiih'...Adalberto

- Oi Tio. (um sorriso muito grande)
- Oi Lucas
- Tio me...
- fala sobrinho.
- (risadinha) ... tem cola-de-madeira pra me emprestar?
- Tenho
- Ah! emprestar não né, me dar, eu não vou conseguir devolver o que usar
- Não, emprestar, você me devolve o resto que sobrar
- Ah! sim, claro (risada)
- (risada) - vira as costas pra buscar a cola - Aqui, tome, não precisa devolver hoje
- Ah! e nem ia, estou fazendo uma colagem na minha porta
- Ah! mas essa cola é forte, voce está fazendo arte, ou colando um Tabela Periódica?
- Arte, tio, arte. (risada)
- Ah! então, ta bom. (risada)
- Ok então, obrigado, tio, te devolvo amanhã.

Desce dois andares, começa o trabalho duro. Passar cola no verso, espalhar com o pincel, colar na porta, proxima imagem! não repita a cor! ... tudo colado, bonito, bonito, e o verniz? fica pr'amanha. Dorme.




SEGUNDO DIA

Acorda as 9:30 a.m, e vê sua porta, linda e colorida, sem brilho, o verniz. enrola em casa até o meio-dia-e-pouco, vai almoçar. Volta. Msn.
Careli diz: estou fazendo uma colagem, preciso de verniz, sabe qual eu compro pra não mudar a cor?
Pet diz: Na minha colagem eu passei cola
Careli diz: aquelas de escola?
Pet diz: sim

Careli depois de um tempo, sai em busca da Cola Branca pela sua rua, o sol brilha, desce, não temos cola, sobe, temos cola. (em litro?), não , em tubinhos. (vai essa mesmo). Compra 5. Sobe a rua.
Mercadinho São Francisco III:
eu: Tem pincel ou rodinho, aquele de pedreiro e pintor?
ela: sim e não
eu: sim e não qual?
ela: pincel sim, rodinho de pedreiro e pintor, não.
eu: ah! então eu quero o pincel. ($3,25)

Sobe feliz, tira toda a roupa, coloca um sorts velho por cima de uma cueca velha, tubos de cola no bolso. Trabalho árduo novamente, pincelada na cola, pinceladas na porta, olhadinha no msn pra pégar dicas com o pet novamente, volta pra porta, pra cola, volta pras dicas.
E finalmente acaba, cansado, fadigado e suado, e orgulhoso de ser um Artista.

resultado final

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : Porque?

Como diria meu amigo, Derek :

- Cagô no Maiô.


Blondie Winehouse.

Sabe, eu até a achava, digamos, bonitinha quando morena, melhor dizendo...com estilo. Me pergunto: Aonde ela quer chegar assim?

Seja Pouco Feia ou Muito Feia, admito que é uma das melhores vozes atualmente.

Porco e Pimenta : A Sala Polar • eliminado



No confessionário:

Hoje meu voto vai para o "A Sala Polar", Bial.
Não é que eu não goste dele, mas é que ele nunca ajuda nos afazeres da casa, e tambem porque na minha escala de afinidade ele foi o texto que eu demorei mais para me aproximar, pegar intimidade, entende?
Isso não significa que eu não goste dele, ele é um ótimo texto, e tenho certeza que lá fora poderá fazer muita fama na Playboy, mas por falta de outros textos para serem votados, vou ter que votar nele mesmo. Justificado, Bial?
Ok então. Beijo mãe, saudades.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : VAPC


VIDAS ANÔNIMAS E PENSAMENTOS CORRETOS

Naquela cidade, eram mundos diferentes, eram histórias sem fim se cruzando no sinal vermelho, eram outras histórias sem fim que estavam no trânsito, as histórias sem fim tinham pernas apressadas, e suas caretas demostravam pressa, o organismo era movido à pressa.

O dia está cinza em São Paulo, como sempre esteve, e é na rua mais importante que essa história começa, o barulho da metrópole enchia o ambiente de música barulhenta, música essa que para os habitantes d'aquele lugar era comum aos ouvidos, todas as calças sociais e as maletas, pretas, se cumprimentavam num rápido passar, sem se tocar, apenas o vento feito pela pressa se tocava, e o cheiro, o cheiro de cada um naquele grande formigueiro, o cheiro podia ser pego no ar de vez em quando, eram cheiros corporais, ou dior's ou boticários, não eram fortes o bastante para serem perceptíveis, mas estavam lá, sem dúvida nenhuma, estavam.

Àquele projeto de adulto caminhava, apressadamente, pela Avenida Paulista, não via paisagem, não notava nada além de seus afazeres, e falava pensava em seu miolos em números, ele só pensava em números, em somas, em ganhos e perdas. Seu cabelo cheirava à gel, suas mãos tambem, vestia um terno bem passado, e uma camisa bem engomada, estava descorfotável, o sapato apertava seus dedos, que nessa altura do campeonato mais pareciam dados, sem as bolinhas que indicavam números, essas, certamente estavam em seus miolos, muito próximas do cifrão. Ele não tinha filhos, e nem ao menos uma acompanhante, a familia em que crescera não o dava um horizonte tão amplo, se jogou no mundo cedo, tinha orgulho de seu caminho que tanto apertava seus dedos, e saudade dos tempos do futebol na rua de terra, estava alí, não havia mais praia, nem terra, e o sol parecia não ser o mesmo sol que antes esquentava sua pele de uma forma gostosa, agora, quando aparecia, queimava parte do seu cucuruto, que começava a aparecer a medida que seus cabelos começaram a encalvecer.

A sua imagem refletia nas vitrines, ele podia ver, de vez em quando tirava um pequeno pente do bolso do paletó e penteava seus cabelos em frente à um vidro insufilmado de qualquer carro estacionado que encontrava pelo caminho, esses que na maioria eram prata, isso sempre o fazia parar de pensar nos números, como têm carros prata pela rua, e ele estava certo.

Dentro de um carro prata, estava uma senhora, no transito, via pelo retrovisor a imagem de suas rugas, e de suas pálpebras, que agora estavam mais caidas do que de costume estariam, a velhice causava nela uma sensação estranha, um medo da morte, a morte havia levado seu marido faz algum tempo, e sua casa agora era bem mais fria, seus grandes móveis já não tinham mais plena utilidade, e não havia mais o porque de levantar cedo pra fazer café, ou de passar um batom pro dia-a-dia, mas ela o fazia.

Seus dedos no volante pareciam ter sido mergulhados em água por um bom tempo, eram enrugados e magros, suas unhas rosa-bem-clarinho refletiam a cor opaca da cidade, a cor opaca da sua vida desde que o marido havia falecido, seus filhos e netos vinham visita-la de vez em quando, ir à igreja funcionava como um relaxamento, mas as palavras que saiam da boca do profeta já não tinham mais o mesmo ardor, a vida perdeu a graça sem o marido, as lágrimas velhas faziam transbordar seus rios de rugas, seus pés-de-galinha, tudo era tristesa, tudo era rosa-bem-clarinho, até seu café ficara mais amargo, ela pensava, a vida sem ele não tem sentido, e ela estava certa.

No quintal de casa, uma menina brincava com suas amigas, era uma grande bacia rosa, cheia de água, e varias bonecas peladas, loiras, que se divertiam num belo dia de mergulho no Estados Unidos, depois iriam ao shopping, Rebecca compraria uma nova saia, e Barbara um oculos branco, um que pareça com os óculos da Sharpay do High School Musical, dizia a dona da mão que a segurava.

Uma das crianças, a negra, não estava tão animada com a brincadeira, se sentia um pouco confusa de não ter nenhuma negra nas piscinas do Estados Unidos, por outro lado, não ter nenhuma ruiva, nem morena a confortava, Leticia, havia cansado de tomar banho de piscina, e tomava sol nua, numa toalha de rosto, talvez na tentativa de enegrecer um pouquinho, o fato era que não havia sol naquele dia nos Estados Unidos, era tudo muito cinza, então as meninas emprovisaram uma lanterna-de-mesa-sol, tirada da escrivaninha do pai de uma delas.

A menina negra se levanta, e com ela, Leticia, da alguns passos em uma direção premeditada e mergulha Leticia na churrasqueira, onde um banho de carvão deixa empretecida a boneca californiana, levanta a boneca, e ela se encontra num estado deplorável, certamente negra, a menina pensa, agora está mais parecida comigo, e ela estava certa. Todos sempre estão certos do que pensam.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Porco e Pimenta : confiança



Eu confio tanto nas pessoas, venho percebendo faz um tempo que eu sou uma pessoa fácil de ser enganada, e que sou uma pessoa fácil de ser gostada, não, não é meu ego de novo, é verdade, as pessoas costumam gostar de mim, e eu tambem costumo gostar de muitas pessoas, acho que eu sou meio mutável, ou apenas simpático.

Confiar vem sendo uma coisa ruim, a partir do momento em que a pessoa na qual confio não confia em mim, e isso acontece várias vezes, a minha confiança é tão fácil de ser ganhada, e a dos outros parece cada vez mais distante. Eu gosto quando as coisas são construidas pela confiança, mas quando ela destrói coisas eu fico me sentindo um bobo, um sonhador.

Eu com toda certeza sou um sonhador, eu sonho com o dia que vou dar uma entrevista, sonho em escrever um livro, eu sonho em ver pessoas importantes, eu sonho com um mundo diferente, eu vivo sonhando, na verdade, acho que eu nunca acordei.

Eu fiz promessas pra esse novo ano, prometi à mim mesmo cumpri-las, e irei, escolhi algumas palavras-chaves pra mim, coisas que faltam no meu cotidiano, algumas coisas pro meu próprio bem, outras são apenas desejos simples, e têm os objetivos.

Oh! eu sou péssimo objetivista, por ser Aquariano e 'de-cavalo', um duplo 'ar', eu mudo de objetivos constantemente, isso na maioria das vezes me faz renovar os pensamentos, eu amo mudar, eu amo mudanças, amo reformas, por conta disso tenho que traçar uma lista de futuros que eu pudesse tomar, e persistir ao máximo não muda-los. A bola da vez é o Jornalismo, e esse parece que veio pra ficar, como todos os outros pareciam (inclusive seguir uma vida religiosa, meu sonho aos 9 anos).

Costumo separar minha pequena vida em tres partes:

Do nasimento aos 9 anos: quando eu era o que a minha familia quisesse que eu fosse
Dos 9 anos aos 14: quando eu era o que a maioria quisesse que eu fosse
Dos 14 até agora: quando eu escolho ser o que eu quero ser

Você deve estar pensando como eu demorei pra nascer em mim. Eu pelo menos penso isso quando vejo esses capítulos, mas por outro lado, minha fase 'escolham-o-que-eu-posso-ser' foi uma fase boa, onde eu aprendi coisas importantes, mudar de escola foi essencial pra eu me achar.

Agora eu estou pensando como eu sou chato o bastante pra escrever um texto falando sobre mim, mas como ninguem lê o que eu escrevo, esse blog é quase feito pra mim, e eu sou meu principal assunto comigo mesmo.

Quando eu estou sozinho, eu adoro me discutir.

Nossa, o primeiro post de 2008 é um saco, vou melhorar no proximo, estou com vontade de publicar uns textos sobre assuntos diversos, nada muito inteligente.

É o que tem pra hoje.
felizes ano novo.