quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Porco e Pimenta: O amor é óbvio



O amor é óbvio


Meu coração bombeia rapidamente, e eu sinto uma série de acidentes no meu organismo, que segundos atrás funcionavam de acordo com o que nasceram pra fazer.
Meu pulmão que sempre respirara tranquilo agora parece com medo, e a frequencia de intervalos de entrada e saida de ar é muito mais curta, o ar parece mais pesado, e mais furioso, o que antes era calmaria agora é tempestade.
Meu fígado, que não serve pra quase nada aparentemente mostra as caras, eu consigo sentir meu fígado sem ao menos toca-lo com as mãos, por cima desse grande lençol chamado pele, ele está ali, semi-latejando, parece maior, e todas as funções parecem estar erradas, meu fígado parece respirar, ou digerir.
O meu estômago resolve que a solução do problema seria derramar litros e litros de ácido-clorídrico dentro dele mesmo, talvez para queimar toda a ansiedade e o medo, o ácido age como anciedadecida, adrelaninacida, mata as borboletas do meu estômago.
O coração é um orgão estúpido, e nunca pareceu tão apressado, seu modo ridiculo de demostrar suas soluções é bombeando mais e mais sangue, minhas veias agora são pistas de fórmula 1, ou fórmula 1.000 ou stock-car (seja la o que isso for), 'os glóbulos vermelhos estão na frente', 'quem dá a volta completa?', meu plasma é combustível, e meus glóbulos bicolores apostam corridas, o prêmio é um grande nada.
E minhas glândulas sudoríferas? 'Ai!' As glândulas sudoríferas liberam àgua mais do que o necessário, que chega a escorrer pelo meu rosto, contornando minha face, descendo no meu queixo, e caindo no chão, uma parte física minha está no chão, junto com toda a parte emocional.
Meus sentidos estão mais aguçados, eu posso enganar meu olhos, meu ouvidos, posso fechar a boca pra toda e qualquer paladar, e fechar meu corpo de forma que fico intocável, mas meu olfato me condena, não posso parar de cheirar assim, o seu cheiro forte entra no meu nariz, e é ele que provoca as alterações todas, deixam meus orgãos loucos, não acredito que você me faz sentir assim, mas você faz.
Algumas coisas a gente percebe só sentindo, sem razão, é mágica as coisas que seu cheiro podem provocar em mim, e a mágica vem expontânea, sem palavras, sem encatamentos, acontece somente quando divido meu espaço com seu espaço, e é incrível como posso sentir seu cheiro à distancia, e como as vezes ele me vem do nada a mente, você não precisa estar presente, mas o seu cheiro está lá, despertando parte do meu cérebro doido o que é óbvio, o amor é óbvio.

Eu não posso acreditar, mas posso sentir.


talvez seja minha primeira demonstração de amor, e provavelmente a ultima que vocês me veram postando por aqui, Porco e Pimenta não é confessionário, é uma excessão a regra. na verdade eu sou durão! (risos)

4 comentários:

Petch disse...

O amor nos torna patéticos.

Nenhuma confusão é mais gostosa^^

Arthur disse...

Ouvir (no caso ler) alguem falando sobre o amor dá até vontade de se apaixonar! \o/
Ou será que é só dor de estomago mesmo?


Gente, o amor é um paradoxo muito legal. :)

Marcus Vinícius Fróes disse...

Rita Lee, essa sim sabe descrever o que é o amor.


ai, ai... o amor...

Anônimo disse...

Li todos os textos com cuidado, e para responder sua pergunta, se você dará um bom jornalista, a partir desse tipo de redações publicadas em seu blog não há como se saber realmente. Em matéria de gramática encontrei muitos erros, mas isso não é o mais importante. Em matéria de idéias, só pude perceber que você poderia produzir dignos fascículos de literatura infanto-juvenil como aqueles da Vaga-Lume. Mas como jornalista, talvez se você começar a escrever algumas crônicas seja possível avaliar melhor.

Meu texto favorito foi o primeiro, "o amor é óbvio". Foi o que mais longe foi na sua aspiração de subverter a lógica (orgânica no caso), e onde a criatividade concebeu as metáforas mais maduras, ainda que com aquele ar infantil do tipo Salad Fingers, que parece um tolo mas em sua inocência é mais perverso que Hannibal Lecter. Além disso, o humor desse texto está mais sofisticado. Veja, "drosófilas", o texto que você especificamente recomendou, está mais para desenho do Walter Lantz, aquele tipo de subversão fácil das fábulas de Mama Goose - "a vaca pulou por cima da lua", "a torta de galinha começou a bicar Joãozinho" etc - parecem subversões da lógica, mas por serem subversões fáceis, não se prestam ao objetivo (não a contrariam).

Outra coisa que gostei no "amor é óbvio" foi a idéia de você perder o controle de si mesmo por causa do cheiro de outra pessoa. Ao colocar seu repúdio pela idéia de ser "um menino bonzinho" à luz dessa história de submissão incontrolável, uma libido sádica pode experimentar impactos de grande satisfação.

Recomendo a leitura dos textos de outro Lucas, em inface.multiply.com, que também tem a sua idade, mas escreve textos de grande maturidade, contundência e criatividade real, isto é, exclusiva, transgressões que não são fáceis. Afinal, virou moda isso de "ser diferente", e o "diferente" da juventude hoje é o pessoal não falar coisa com coisa por meio de uma conversa aleatória que não exige o domínio da Lógica para construção de um ilogismo que realmente a contrarie; deitar boca afora um monte de achismos inconsistentes, sem fundamento, e ao ser contestado, se refugiar no clichê "Mas-é-minha-opinião!", como se o fato de ACHAREM ou de desejarem ACHAR isso ou aquilo tornasse suas posições mais válidas; não pensar para falar; responder perguntas com arrotos ou frases que o valham; no meio de uma explicação sobre a Revolução Francesa começar a gritar "Penico!" etc. Esses dias assisti uma apresentação da Tori Amos em que ela pára de repente de tocar piano e começa a rolar no palco fazendo sons de gibão parindo pelo reto. Francamente... originalidade ou arte performática? Um macaco treinado faz o que esse pessoal faz. Aí não é preciso ser inteligente nem possuir o conhecimento capaz de efetivamente violentar a tirania dos sentidos. Esse tipo de "originalidade" é muito fácil. Existe uma espécie de anti-convencionalismo que é mais clichê do que as próprias convenções, um tipo de intelectualidade que é mais débil do que síndrome de down, e, em todo caso, numa terra onde todo mundo é anti-convencional, ousar realmente... é muito mais difícil.

E outra reação muito standard da garotada, muito clichê, é ver que falou um monte de merda e, diante dos reparos elucidatórios, dizer ao indivíduo que os fez: "Ui, como você é bitolado, eu que não sou escravo da razão!" Como se estivesse abafando ao chamar sua burrice de "liberdade". Mas quando a pessoa não consegue dominar a razão, é ela quem se faz escrava da lógica.

Você pediu minha opinião, pediu minha canção feliz, e ei-la aí. Sobre você como jornalista pouco posso dizer, mas como escrivinhador diferenciado, se seguir pelo rumo do "amor é óbvio", eu diria que tem chances.