terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Porco e Pimenta : O Apanhador de Respostas



O Apanhador de Respostas


O apanhador de respostas estava sentado na cadeira-de-balanço de sua varanda, a paisagem bucólica da horta de perguntas, as quais ele mesmo cultivara, estava deixando-o com sono. Sua longa barba escorria de sua boca, como se a tivesse cuspido, e a sua cabeça era cortada, um corte reto, d'aqueles que parecem ter sido feitos por uma grande navalha, de orelha a orelha, repita o caminho, via-se sua cabeça, onde um grande misto de memórias e células faziam algo parecido com um espaguete.

Era tempo de colheita, todas as dúvidas plantadas cresceram, e deram boas frutas-perguntífras, cheias de respostas, e sementes-de-novas-dúvidas.

O apanhador de respostas colhia os frutos para uso próprio, comia um a um, e ia se deliciando com cada fruto maduro, e cada vez ficava mais triste, pois os frutos enchiam sua boca de sementes, e uma a uma eram cuspidas numa bacia, sementes de todas as cores e tamanho:

- Olhe! Aquela amarelinha tem formato de um bibelô, e aquela outra ali ao lado, mais se parece com uma pipoca-murcha. - Refletia o velho babão.

Era tempo de plantio, e o apanhador de respostas se levantara da sua cadeira com muito esforço e cuidado, não deixando sua meia-cabeça vasar, ereto se dirigia ao campo, que nú em terra, fervia de tão fértil, e como um polvo de pêlos, sua longa barba catava as sementes, que guardadas na cabeça, iam para a terra, gerar novos frutos.

O Apanhador de Respostas acabou seu trabalho pela aquela temporada, e agora esperava a vida passar na sua cadeira de balanço, esperava a nova colheita de respostas, com a nova remessa de perguntas.
Lucas Careli

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Porco e Pimenta: O amor é óbvio



O amor é óbvio


Meu coração bombeia rapidamente, e eu sinto uma série de acidentes no meu organismo, que segundos atrás funcionavam de acordo com o que nasceram pra fazer.
Meu pulmão que sempre respirara tranquilo agora parece com medo, e a frequencia de intervalos de entrada e saida de ar é muito mais curta, o ar parece mais pesado, e mais furioso, o que antes era calmaria agora é tempestade.
Meu fígado, que não serve pra quase nada aparentemente mostra as caras, eu consigo sentir meu fígado sem ao menos toca-lo com as mãos, por cima desse grande lençol chamado pele, ele está ali, semi-latejando, parece maior, e todas as funções parecem estar erradas, meu fígado parece respirar, ou digerir.
O meu estômago resolve que a solução do problema seria derramar litros e litros de ácido-clorídrico dentro dele mesmo, talvez para queimar toda a ansiedade e o medo, o ácido age como anciedadecida, adrelaninacida, mata as borboletas do meu estômago.
O coração é um orgão estúpido, e nunca pareceu tão apressado, seu modo ridiculo de demostrar suas soluções é bombeando mais e mais sangue, minhas veias agora são pistas de fórmula 1, ou fórmula 1.000 ou stock-car (seja la o que isso for), 'os glóbulos vermelhos estão na frente', 'quem dá a volta completa?', meu plasma é combustível, e meus glóbulos bicolores apostam corridas, o prêmio é um grande nada.
E minhas glândulas sudoríferas? 'Ai!' As glândulas sudoríferas liberam àgua mais do que o necessário, que chega a escorrer pelo meu rosto, contornando minha face, descendo no meu queixo, e caindo no chão, uma parte física minha está no chão, junto com toda a parte emocional.
Meus sentidos estão mais aguçados, eu posso enganar meu olhos, meu ouvidos, posso fechar a boca pra toda e qualquer paladar, e fechar meu corpo de forma que fico intocável, mas meu olfato me condena, não posso parar de cheirar assim, o seu cheiro forte entra no meu nariz, e é ele que provoca as alterações todas, deixam meus orgãos loucos, não acredito que você me faz sentir assim, mas você faz.
Algumas coisas a gente percebe só sentindo, sem razão, é mágica as coisas que seu cheiro podem provocar em mim, e a mágica vem expontânea, sem palavras, sem encatamentos, acontece somente quando divido meu espaço com seu espaço, e é incrível como posso sentir seu cheiro à distancia, e como as vezes ele me vem do nada a mente, você não precisa estar presente, mas o seu cheiro está lá, despertando parte do meu cérebro doido o que é óbvio, o amor é óbvio.

Eu não posso acreditar, mas posso sentir.


talvez seja minha primeira demonstração de amor, e provavelmente a ultima que vocês me veram postando por aqui, Porco e Pimenta não é confessionário, é uma excessão a regra. na verdade eu sou durão! (risos)

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Porco e Pimenta : Primatas Egocentricos



Um beijo num sonho, por mais curto que seja, sempre dura a noite inteira, pelo menos pra mim, então eu cheguei na conclusão que o tempo no mundo dos sonhos é contado pela intensidade do momento, e não pela sua duração, sonhos com emoções amenizadas sempre duram pouco, e me fazem acordar no meio da noite, pra precisar dormir de novo, coisa que pra mim é dificil, o número de vezes que eu acordei por volta das 3:00 da manhã e comecei a fazer alguma coisa que passasse o tempo são muitas, desenhar e escrever são meus passatempos preferidos em uma noite mal-dormida.

Pense como seria se nossos sonhos, fossem nosso dia-a-dia, e nossa rotina, nossos sonhos, viver seria bem menos rotineiro, e muito mais interessante, um dia eu estaria voando por cima da muralha da China, e no outro, correndo de uma sequestradora travesti, e sonhar seria uma novela, o que será que vai acontecer hoje na escola? e quando será que eu vou poder acordar, pra poder voltar a fazer coisas impremeditáveis?

O estranho é, que nós vivemos desse jeito, passamos metade do dia acordados e metade sonhando, quem escolhe que nossa realidade é estar acordado somos nós mesmos.

Eu acredito que a morte na verdade é optar pela segunda opção, se eu perder um braço, eu continuo com alma, e pensamentos, e tudo mais, e a mesma coisa acontece se eu perder os dois, ou mais as duas pernas, e a cabeça, e morrer, entende? A Alma não se esgota, e não se vai com nossos membros, morrer é parada-total, não de alma, mas de corpo.

A ideia de céu e inferno é tão clichê as vezes, ser julgado pelos erros, e whatever, sendo que quem predominou o que é certo ou errado foram nós mesmos, os primatas mais egocentricos do mundo todo, a verdade é que somos animais, e nascemos Dionísiacos, mas agora a sociedade impõe que ser mal-comido é ser correto, e os mais rebeldes competem entre si pra ver quem é mais safadinho, enquanto os padres, que prenderam totalmente sua parte sexual por uma devoção puramente ideologica, começam a extravasar em tesão enrustido e atacar criancinhas. Condenar os atos simplesmente humanos foi o maior erro cometido pelos primatas mais egocentricos do universo.

Frase do dia:
" Hoje em dia há professores de filosofia, mas não há filósofos. Contudo é admirável ensinar filosofia porque um dia foi admirável vivê-la."
( Henry David Thoreau - Walden ou A vida nos Bosques, 1854 )